julho 25, 2006

Cúmulo da Incoerência

Perdoem a minha impertinência, eu até nem era para comentar, mas há um spot publicitário que me persegue.

Pergunta inocente: A conceptualização e implementação de peças publicitárias, parte de quem?

Resposta imediata: Ateliers, Agências, freelancers, departamentos de publicidade e afins.

A Pergunta, ainda com dúvidas, insiste: Mas, esses profissionais acreditam na veracidade conceptual daquilo que veiculam ou em vez de defenderem a classe, perpetuam a transmissão de estereótipos associados à profissão?

Aquele que devia responder: ???????????

O que pergunta, denuncia num tom inquisitório: Não há maior incoerência do que construir slogans publicitários que dizem exactamente assim: “É VERDADE, NÃO É SÓ PUBLICIDADE”

Estejam atentos, o rosto desta “deixa” é deveras conhecido entre nós. E eu até lhe reconheço algum talento.

julho 24, 2006

Respira, Homem!

Tinha de ser,

O grito, a revolta e a libertação podem chegar tarde e até serem pouco oportunos, mas quando emergem revelam-se promiscuamente saborosos.

Ah! Ah! Ah! Não o temamos e não receemos não acompanhar as palavras de quem pensa que sabe, e nos faz acreditar, que a verdade a ele pertence. Hum, e se…mas…e depois ahmm….Não, agora o voo é nosso. É esquisito? É, o caminho não é claro, há intercepções que nos atordoam, ramificações tão análogas, cujos conteúdos se repelem avidamente. E, se o vinagre for doce? A decisão é nossa.

Já percebi, é a queda que vos atormenta? Brindemos à dita! Cair é arriscar, é crescer, é fazer tudo de novo, é não dormir, é palpitar o devir, é pisar a calçada sem tocar nas pedras pretas, é amar o que se tenta e desprezar a escumalha.

E escumalha, não entra aqui.

Presunção? Cada um, toma a que quer e agora apeteceu-me embriagar-me perversamente!

julho 23, 2006

À genialidade da simplicidade (ou a avidez do ser que não o sabe ser)

A doce Macã No Ar refere, e muito bem, o forte Alberto Caeiro. Estranha e muito turva, poderia assim eu definir a minha relação com este magnífico. A simplicidade e a descomplexificação que admiro e tanto invejo não são contudo suficientes para arrebatarem um estar inquieto que tão bem alimentado é pelo amigo desconhecido...

O que sentimos, não o que é sentido,
É o que temos. Claro, o inverno triste
Como à sorte o acolhamos.
Haja inverno na terra, não na mente.
E, amor a amor, ou livro a livro, amemos
Nossa caveira breve.

Ricardo Reis

julho 19, 2006

Comparências

"Gosto do stress, do ritmo, da adrenalina. E isso a TV dá. A noção do risco, do coração a bater mais depressa, da adrenalina a fluir. (...) Penso, aliás, que isso prende mais do que qualquer coisa."

Paulo Camacho, in XIS, 15.Jul.06

julho 17, 2006

Você tem boa imprensa?

A Ministra tem boa imprensa... o nem sei quem tem boa imprensa... Mas o que é isto? Um par de gajos a comentar o rabo da moça que passa?! Ai não, são mesmo jornalistas e comentadores.

julho 03, 2006

Sou eu em suspenso.

Tenho uma ligeira dor de cabeça. Não, dói-me a cabeça. E o pescoço. E agora que falo nisso, doem-me os ombros e os braços. Sinto o coração apertado. Não me dói, mas aperta. Quase que me esmaga. Doi-me a alma, essa sim, dói. E quando nos dói a alma custa falar, dizem até que custa andar. Eu não ando. Porque me doem os pés e as pernas. Sou puré. Esmaguei tudo por dentro e, com tanta lágrima engolida, fiz farinha. Sou um bolo. Enchi-me de fermento e cobertura de chocolate. Sou grande e bonito, mas oco. Sou impróprio para consumo, ou assim parece.

Sou um fado com dor. Sou saudade e melancolia. Sou tudo aquilo que nunca julguei vir a ser.

Sou só.

Sou tanta coisa sem a poder partilhar. Sou o presente o passado e o futuro, num segundo finito.

Doem-me os olhos de tanto olhar para mim. Sou cego.