agosto 14, 2006

Forasteira

Hoje fui a um edifício de linhas arquitectónicas modernas, cores nobres e imponência de impor respeito. Vazio. Seco, fresco. Silencioso, sob o sol agressivo. As marcas de palmas de mão sujas e de calcanhares de botas molhadas sobressaíam num branco imenso que parecia multiplicar-se a cada movimento do olhar. O peito não sentiu à entrada.

Sete passos e o palco transforma-se. Já não era o silêncio, nem o vazio que reinavam no forte da realidade, mas antes a memória que crescia à medida que me aproximava. Frenéticos passos, gritos de vontade e de desespero desejado, secadores de mãos cansados e sábios confidentes. Os pratos tilintam e cheira a torradas. Vem o suspiro de quem sabe que o peito sente, e estala.

Apagam-se as paredes, as escadas e as portas, que nada têm, que podiam ser queimadas e esmagadas… O que vês? Os momentos de profunda tristeza, decisão marcante, ruptura, do Sul… A Norte, os momentos de embriaguez delirante, enriquecimento de ideias, corpos, mentes, palavras, opiniões, pseudo-opiniões, realidades, hiper-realidades. No Centro, a minha figura enublada, rodeada de peitos que estalam e que fazem estalar.

AL

Sem comentários: