fevereiro 12, 2007

5 Viriatos

“Para Mangualde, às 19H10, por favor”

5 minutos mais outros 5 debaixo da chuva miúda que invade as linhas de comboio do Oriente. Não incomoda, nem molha. Acolhe o peito para mais uma viagem. Viagens únicas, cada uma delas inigualável, pelos apeadeiros de sentimentos onde se vai parando. A carruagem estava consideravelmente quente, fazendo o toque suado dos bancos confundir-se com o cheiro forte a perfume de homem, rissóis de camarão e pastilha elástica. Disfarça-se com os tons de ouvido.

Ora então o que temos hoje? O costume. Música de Cura.

Começa a viagem. Pelo que foi, pelo que se sentiu, pelo que se quer ser, ter, viver. Troca-se o CD (que o mp3 de vinte e 5 euros ficou perdido num computador no arquipélago onde seguramente passei mais tempo na vida), vem o JP com os seus passos em volta. Mas este comboio poucas voltas dá… ou vai para sul, ou segue norte. Voltaremos às voltas eventualmente numa volátil vontade de sentir de novo vidas que são muito pouco vãs, daqui a 5 ou 55 anos. Para norte então, onde cheira a vinho tinto, a cigarros e a chocolate belga.

Chegada. Chuvada. Desabafos necessários e o beijo na pele gelada da protecção. Em casa, a pele de pêssego do porto de abrigo, com abraços e gritinhos de alegria, tradicionalmente acompanhados por risotas e cócegas nas costas uma da outra. Segue o comboio pela noite finalmente tranquila, desperta na manhã fresca da cidade pelo aroma de dois viriatos quentes, acompanhados da maior ternura do mundo que poderia alguma vez sentir. Conforto de Alma.

Outros sentires vieram, entre a gargalhada de mimo de quem lava sempre a loiça, as palavras sempre tão certas da amiga maluca, e a companhia do Homem Mais Belo do Mundo ao final da tarde. Destino que se seguiu: merecido regabofe, partilha, chuva, choradeira e coração arrepiado… ai. umas 55 vezes.

55. anos. esta noite. parabéns, porto de abrigo.

E mais não digo, porque o senhor pica, só pica o meu bilhete.

1 comentário:

à_deriva disse...

55 parabéns pelo texto ;)